2.4.05

SEDE VACANTE


Faleceu hoje o Sumo Pontífice da Igreja Católica, João Paulo II, um homem cuja marca no mundo demorará para ser esquecida. Ele tornou a Santa Sé um poderoso instrumento de pressão política, destacando-se em momentos como a queda da URSS, as conferências de Beijing e Cairo e a guerra ao Iraque.

Porém, we do homages, but we don't do obituaries. Gostaríamos, portanto, de direcionar a atenção de vocês a um fenômeno no mínimo interessante: reações internacionais à morte do papa.

Na China - seco, breve, e escondido na última página do jornal.

Nos EUA - o papa era um "
champion of human freedom" que "launched a democratic revolution". Só faltou dizer que ele era americano.

No Brasil, o Presidente da República lembrou que João Paulo II foi "
um papa que foi operário" e também "um papa que dedicou toda a sua passagem pela Igreja na luta pela justiça social e no combate à pobreza". Ignorando a distância que se espera que as autoridades seculares mantenham das questões internas da Igreja, e esquecendo-se de que imperadores austríacos já tiveram problemas por causa disso, Lula disse que "gostaria que ele (o novo papa) fosse brasileiro. (...) Se isso acontecer, eu já estarei feliz, porque certamente terei um aliado na luta contra a fome. Seria para mim importante do ponto vista político, do ponto de vista geográfico, seria melhor ainda se fosse brasileiro."

Recomendamos a todos que procurem outros países. 191 países nas Nações Unidas - e pelo jeito, 191 papas que faleceram hoje.

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O Bruno Simões, da USP, mandou-nos essas da Autoridade Nacional Palestina e da União Européia: Mahmoud Abbas da ANP disse que
"[João Paulo 2º foi] uma grande figura religiosa que devotou sua vida à defesa dos valores de paz, liberdade, justiça e igualdade para todas as raças e religiões, assim como o direito de nosso povo à independência". Durão Barroso, Presidente da Comissão Européia, afirmou que "João Paulo 2º será lembrado como alguém que teve um papel essencial na reunificação da Europa, e no avanço de suas idéias de liberdade e democracia em nosso continente. Os europeus jamais vão esquecer sua luta pela paz e dignidade humanas".